Vivemos em um mundo de constantes mudanças,
principalmente do ponto de vista da aprendizagem. Há um número representativo
de pessoas que tem dificuldades em aprender o mínimo necessário exigido para
sobreviver nos dias atuais, pois há uma avalanche de informações; o que
necessariamente não significa dizer uma avalanche de conhecimentos.
Pode-se afirmar que nunca as pessoas de uma
sociedade foram tão bombardeadas com tantas informações simultaneamente. Este
momento social pode ser denominado de “sociedade da aprendizagem”, uma
sociedade onde “aprender constitui não apenas uma exigência social crescente –
que conduz ao seguinte paradoxo: cada vez se aprende mais e cada vez se
fracassa mais na tentativa de aprender” (POZO, 2004).
O referido autor afirma ainda que “essas
demandas crescentes da aprendizagem produzem-se no contexto de uma suposta
sociedade do conhecimento, que não apenas exige que mais pessoas aprendam cada
vez mais, mas que aprendam de outra maneira, no âmbito de uma nova cultura da
aprendizagem, de uma nova forma de conceber e gerir o conhecimento, seja na
perspectiva cognitiva ou social” (POZO, 2004).
Sendo assim e transportando esta reflexão
para o interior das instituições escolares temos que nos reportar-nos à
possibilidade do uso das tecnologias como formas alternativas de aquisição de
conhecimentos, e que essas tecnologias impliquem “formas específicas e
identificáveis de mudança social, econômica e cultural, ou seja a assunção da
tecnologia como elemento integrante e essencial na organização social e da
nossa experiência subjetiva.” (DAMASIO, 2007, p. 67).
Diante dessas perspectivas e expectativas
que apontam imediatas necessidades de direcionar a escola e as aulas a novas
possibilidades de aquisição e construção de conhecimento, é que a escola, a
sala de aula, os professores e a educação formal não devem se acomodar ou
permanecer estagnada.
Como
afirma Gadotti (2000) na sociedade do conhecimento é preciso múltiplas
oportunidades de aprendizagens, portanto, cabe à escola
amar o conhecimento como espaço de realização humana,
de alegria e de contentamento cultural; cabe-lhe selecionar e rever
criticamente a informação, formular hipóteses, ser criativa e inventiva, ser
provocadora de mensagens e não pura receptora,
produzir, construir e reconstruir o conhecimento elaborado.” (GADOTTI,
2000, p. 251)
Assim,
a escola passa a ser um espaço onde se gesta conhecimento e não apenas o
transmite.
Uma
breve reflexão sobre a escola e as exigências atuais, leva a afirmar que cabe à
escola munir seus alunos com habilidades e competências exigidas em tal momento
social, nesse caso
a sociedade do conhecimento traduz-se por redes, ‘teias’ (Illich), árvores do conhecimento,
sem hierarquias, em unidades dinâmicas e criativas, em conectividade,
intercâmbio, consulta entre instituições e pessoas, articulando contatos e
vínculos.(GADOTTI, 2000, p.251)
Segundo Martínez (2005), atualmente, um
dos desafios postos às escolas dos países em desenvolvimento é responder à
demanda de acesso universal a educação, além de ofertar uma educação que se
preocupe com a diversidade cultural, com o desenvolvimento das comunidades que
com o passar dos tempos vem adquirindo papéis bem mais ativos nas decisões,
principalmente educativas.
Tais
afirmativas remetem-nos a pensar no uso da Internet, em ferramentas cognitivas,
em Tecnologias da Informação e da Comunicação (TIC), em redes de comunicações,
em novos espaços de ensino-aprendizagem, em inéditos desafios para criar e
partilhar conhecimento.
Novas formas de ensinar e aprender, estes
são os grandes desafios da educação para atender ás atuais demandas sociais.
Partir do pressuposto que os alunos
conhecem e utilizam os computadores e ambientes virtuais, é uma premissa
favorável para a utilização dos mesmos em sala de aula.
O uso do computador como apoio á
aprendizagem deve ser significativo para que se torne uma ferramenta cognitiva
ou como afirma Jonassen (2007) as aplicações pedagógicas da informática são
feitas com a exigência que os alunos pensem de forma significativa a fim de
utilizarem tal recurso como representação de sua capacidade de produzir
conhecimento e não apenas reproduzi-los e assim há necessidade do envolvimento
cognitivo dos alunos, e essa é uma possibilidade de melhorar qualitativamente
seu desempenho.
Inúmeras são as possibilidades de uso,
mas atualmente muitos educadores usam os fotologs,
videologs, weblogs pois eles “são
aplicativos fáceis de usar que promovem o exercício da expressão criadora, do
diálogo entre textos, da colaboração”, afirma a educadora Suzana Gutierrez, da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul;
ela ainda reforça que “os blogs possuem historicidade, preservam a
construção e não apenas o produto (arquivos); são publicações dinâmicas que
favorecem a formação de redes”; além dos weblogs que “abrem espaço para a
consolidação de novos papéis para alunos e professores no processo
ensino-aprendizagem, com uma atuação menos diretiva destes e mais participantes
de todos” (GUTIERREZ, 2007)
Os blogs, fóruns, chats, PodCasts por
exemplo, podem ser usados de infinitas formas como recursos educacionais para
criar textos, relatórios de visitas, publicarem fotos e vídeos produzidos pelos
alunos, conseqüentemente eles passam a participar de seu processo educativo e
de construção de conhecimento e deixam de ser meros expectadores-passivos.
Moran (2007) afirma que existem diversas
possibilidades de utilização dos blogs na escola, quer pela facilidade de sua
publicação, que não exigirá conhecimentos específicos de tecnologia de seus
usuários; quer pelo fascínio que estes recursos exercem sobre os alunos. No
entanto, aos professores, cabe a tarefa de se adequarem ao mundo virtual de
seus alunos e não ficar alheios a este contexto.
Outro recurso interessante a ser usado
através da Internet para desenvolvimento de pesquisa em grupos é o webquest.
Moran (2007) relata que a webquest pode
ser usada em uma atividade de investigação e pesquisa onde os alunos interagem
com as informações organizadas, geralmente elaborada pelo professor, para ser
solucionada pelos alunos, em grupos. Esta atividade “propicia a socialização da
informação: por estar disponível na Internet, pode ser utilizada, compartilhada
e até reelaborada por alunos e professores de diferentes partes do mundo. O
problema da pesquisa não está na Internet, mas na importância que a escola dá
ao conteúdo programático do que à pesquisa como eixo fundamental da
aprendizagem.”
O importante é saber em que os
computadores, as ferramentas disponíveis, as novas tecnologias, a Internet, por
exemplo, podem contribuir para a melhoria da qualidade das aulas e do
ensino-aprendizagem, além de favorecer o construcionismo (Papert apud Damásio, 2007, p.125).
A teoria construcionista pode ser
entendida como “na forma como o conhecimento é construído e transformado quando
é expresso através de diferentes media”.
Para Papert[2]
“a chave do ensino reside na projecção individual de idéias através da
expressão dessas mesmas idéias em ordem à criação de mecanismos de comunicação
com os outros”. (DAMÁSIO, 2007, pg. 125)
Neste caso, os sujeitos se desenvolvem
através de expressões individuais que encontram nas tecnologias computacionais
o principio do processo individual de criação de expressões cognitivas.
KENSKI
(p. 47) afirma que em relação à educação, “as redes de comunicação trazem novas
e diferenciadas possibilidades para que as pessoas possam se relacionar com os
conhecimentos e aprender”. Novas formas
de ensinar e aprender, estes são os grandes desafios da educação para atender
às atuais demandas sociais.
REFERENCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
BERTOCCHI ,
Sônia. Blog diário virtual que pode ser usado na escola. Disponível em
http://www.educarede.org.br/educa/index.cfm?pg=internet_e_cia.informatica_principal&id_inf_escola=68.
Acesso 17.dez.2007.
DAMASIO, Manuel
José. Tecnologias e Educação: As
tecnologias da Informação e da Comunicação e o processo Educativo. Lisboa.
PT: Ed. Vega, 2007
GADOTTI, Moacir
(Org.) Perspectivas atuais da educação.
Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 2000
GUTIERRE,
Priscila Brossi. Blogs na sala de aula:
Cresce o uso pedagógico da ferramenta para publicação de textos na Internet.
Disponível em
www.educarede.org.br/educa/revista_educarede/especiais (acesso 19.dez.2007)
KENSKI, Vani
Moreira. Educação e Tecnologias: o novo
ritmo da informação. Campinas: Papirus, 2007.
JONASSEN, D.H. Computadores como ferramentas cognitivas.
Porto: Porto Editora, 2007
MARTÍNEZ, Jorge
H. Guitiérrez. Novas tecnologias e o desafio da educação. IN: TEDESCO, Juan
Carlos (org.) Educação e Novas
Tecnologias: esperança ou incerteza. (tradução de Claudia Berliner, Silvana
Conucci Leite; São Paulo: Cortez; Buenos Aires: Instituto Internacional de
Planeamiento de La Educacion; Brasília: UNESCO, 2004
MORAN, José
Manuel. Como utilizar as tecnologias na
escola. Disponível em http://www.eca.usp.br/prof/moran/utilizar.htm, acesso em 10.mai.2007
POZO, Juan
Ignácio. “A sociedade da aprendizagem e
o desafio de converter informação em conhecimento”. Disponível em www.bookman.com.br/patioon
line/patio.htm.. acesso em 16.mai.2007
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